12 dezembro 2011

Transparência um tanto quanto opaca

Não interessa quem está no comando, se é fulano ou ciclano. O mais importante é o bem do Figueirense, o sucesso do clube, que deve ter seus interesses acima de tudo e de todos.Parece algo óbvio, sem novidades. Um clube vitorioso, bem organizado, administrado de forma transparente, com caminhos bem traçados e definidos, são reflexos de uma gestão competente e de visão. E isso também é óbvio. É possível concluir, de forma óbvia, que os dois trechos acima estão totalmente interligados. Porém, isso não parece ser tão óbvio a para algumas pessoas, sejam dirigentes ou torcedores do clube.

Apesar da ascensão que o Figueirense teve, a era Prisco Paraíso deixou uma herança maldita ao seu sucessor. Quando a atual direção se propôs a entrar na linha de frente do clube, todos sabiam que seria complicado tocar o clube. Dívidas, contratos de jogadores e parcerias, e assim por diante. E entraram no comando com o discurso de mudança, de terem soluções para os problemas críticos do clube, transparência e de fazer um Figueirense forte e independente , o tal discurso do "não faremos promessas, mas sim, assumiremos compromissos, vamos devolver o Figueirense a sua torcida" .

Mas o que se viu até agora, a meu ver, foi mais do mesmo. O atual presidente segue os passos do antecessor. Os contratos (se é que existem) com os atuais parceiros do clube não foram expostos com clareza. Houverem explanações sobre o assunto, mas nada muito contundente, tudo muito superficial e que geram dúvidas em alguns pontos. O caso Héber é um grande exemplo. O alvinegro detêm os direitos econômicos do atleta  mas está registrado em um outro clube e emprestado ao Figueira. Informações desencontradas ou pouco claras referente a aquisição de percentuais de alguns jogadores. Se clube trabalha financeiramente no limite (os próprios dirigentes dizem que o Figueirense é deficitário) como, quem e de onde vem esse dinheiro, que gira na casa de 5, 6 dígitos? Não são valores que possam ser desprezados. E o projeto da Arena Scarpelli? Passam os meses e a cada pronunciamento oficial uma data diferente sobre a apresentação do projeto.
Fora a parte econômica, o poder parece ter subido a cabeça do sr. Nestor Lodetti. Incorporou literalmente o manda soltar e manda prender, ou o "quem manda aqui sou eu e o resto obedece". E quem pensa diferente  ou não concorda com as idéias é tratado como herege, judas ou na melhor das hipóteses, pessoas que não estão comprometidos com a causa.

Prova disso foi a atitude (ou a falta) com Ney Pacheco. Infelizmente não tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, apenas pelo Twitter. Mas  ficou muito claro que foi um torcedor/blogueiro que sempre lutou pelo que julgava  melhor para o Figueirense, sem qualquer tipo de pretensão. Nunca ganhou nada, escrevia por amor ao clube que torcia. Teve o reconhecimento de imprensa e até de torcedores rivais. Será que não merecia o mínimo de consideração com o Figueirense, uma simples nota no site oficial que fosse? No mínimo, lamentável.

Entre tantos outros desmandos, trata o Figueirense como se fosse propriedade de um grupo seleto de pessoas, os ditos verdadeiros alvinegros, que pensam da mesma forma, como se fosse algum tipo de verdade absoluta. Os discursos fervorosos e de estilo populista se contradizem com algumas práticas adotadas. A falta de coerência reina em muitos casos (vide Estadual de 2010). Sem falar na questão do setor D, o estatuto do clube e por aí vai.

Entretanto, o que me deixa mais perplexo é a aprovação disso tudo por parte de alguns torcedores, os tais  verdadeiros alvinegros,  que num passado não muito distante, eram extremamente radicais com as atitudes tomadas pela antiga gestão e hoje batem palmas pras mesmas coisas ou as defendem com unhas e dentes. Não admitem erros e creditam a responsabilidade de fatos incontestáveis a terceiros, nunca a linha de frente. E fazem isso a troco de quê? Interesse? Pensam da mesma forma, de verdade? Não posso afirmar nada. Fica a interpretação e a consciência de cada um.
Já ouvi/li dessas pessoas que transparência no futebol não existe, história pra boi dormir. Até consigo entender quem pensa dessa forma, já que vivemos num país onde a Lei de Gerson fala mais alto, contudo o discurso do atual presidente, o inquestionável,  não foi sempre defendendo a transparência? Mentira? O que dizer em relação a isso?

É claro que há gente competente no comando do Figueirense. Chico Lins e Renan Dal Zotto, por exemplo, fazem com muita competência suas atribuições. O departamento de marketing (tirando o episódio da camisa azul) cresceu muito e vem acertando na maioria das ações praticadas. Mas e o resto?

Não teria o menor problema em vir aqui e fazer um post reconhecendo que estou  enganado sobre isso tudo que escrevi. Diferente de muitos, meu orgulho não é tão grande a ponto de não poder admitir meus equívocos. Para isso acontecer, basta me provar o contrário. Assim como a maior parte da torcida, gostaria que essas dúvidas que citei, que são só algumas no meio de tantas, fossem esclarecidas da forma que o presidente sempre gostou de salientar na sua campanha presidencial: com transparência. Até lá, seguirei defendendo os interesses do meu clube de coração, administrado por quem quer que seja.

Um comentário:

Ingrid disse...

Ótimo post . Concordo contigo em tudo .
Não importa se é A , B ou C que está no comando do Clube , desde que faça uma administração transparente , respeite o torcedor e que faça o que for melhor para o Figueirense .
Mas não está acontecendo isso . O Lodetti prometeu fundos e mundos ao torcedor e nos deixou esperançosos e felizes pois teríamos uma gestão que realmente iria se preocupar com o nosso Furacão .
Ficou na promessa apenas ....
E Está sendo uma grande decepção.