26 julho 2009

O filho do Figueira?

O texto abaixo mostra um fato no mínimo pitoresco do futebol da capital catarinense. Recebi de um amigo por email há algum tempo. E um detalhe muito importante: Possui referências bibliográficas.

O Avaí é "FILHO" do Figueira!

Para quem pesquisa o futebol ilhéu, fácil notar o trabalho da imprensa na divulgação dos fatos relacionados com a história dos dois principais clubes da metrópole catarinense. A trajetória do Figueirense não foi pintada com as mesmas tintas e cores.

Parece simples explicar. O Avaí pertence a "elite" social, somava maiores facilidades de acesso às fontes de divulgação da época enquanto o Figueirense resignado pela sorte e pela humildade de seus fundadores, lutava em sucessivas crises financeiras e administrativas. A imprensa não deu o enfoque que o assunto exigia, omitindo-se assim em deixar à geração futura, àqueles acontecimentos que hoje poucos lembram e falam com detalhes e que seriam de extrema validade para quem deseja contar a história do futebol de Florianópolis.

O próprio nascimento do Avahy foi "esquecido" através dos anos. Na verdade são decêndios de completo silêncio. Os aniversários do clube azul e branco foram sendo reavivados com triunfos, títulos, campanhas e nomes do momento. A causa, a forma, do seu nascimento foram esquecidos. Mas, os torcedores especialmente os avaianos tem o direito de conhecer a vida de seu clube que aprenderam a amar.

Em 1925 o Sr. Agenor Póvoas (benemérito alvinegro) participando dos festejos do 4º aniversário do Figueirense F.C. discursou a respeito, revivendo os momentos de dificuldades porque passaram alguns presidentes do clube. O Jornal O Tempo, registrou o acontecimento assim: "Este presidente (Joaquim da Costa Arantes) sofreu duas crises na sua gestão, uma a dissidência no clube que deu origem a formação do Avaí F.C. e o lamentável caso de Tubarão."

Do Jornal República, edição 2/9/31: "Transcorreu ontem o 8º aniversário do valoroso azul e branco. Nascido como o Flamengo do Rio de uma dissidência nas hostes Figueirenses o Avahy soube aproveitar ótimamente dessa condição inicial de sua existência para desde logo impor o seu esforço em bem do esporte catarinense como um dos mais valiosos e eficientes..."

Do Jornal O Estado, transcrevemos parte da entrevista concedida pelo jogador Zé Macaco que atuou por mais de 10 anos, vestindo a camisa azul e branca, antecedendo a mais um clássico Figueirense x Avaí: "O nosso quadro nasceu do 3º do Figueirense em 1923. O 1º match foi justamente enfrentando o próprio Figueirense para quem perdemos por 4 x 3. Vencíamos por 3 x 0 no 1º tempo quando Marujo, nosso arqueiro, atuando com pouca felicidade concorre para que nossos adversários tirassem vantagem, vencendo-nos por 4 x 3."

Do República, edição 7-10-37: "...essa rivalidade entre os dois times teve como em todas as outras coisas um certo "que". Esse "que" foi a fundação do próprio Avaí que surgiu de uma cisão no seio do Figueirense quando este excursionou à Lages." Do mesmo jornal, datado de 1º/12/37: "abordando o jogo Avaí x Figueirense fala sobre os eternos rivais e relembra a cisão dos alvis em 1923".

Trecho de uma carta do Sr. João D. da Silva, participando da polêmica sôbre o futebol da ilha. "Tive até em algum tempo, convite para tomar parte na diretoria da FCD mas não aceitei só pelo simples fato de não saber esconder a minha simpatia pelo Figueirense que é pai do Avaí e avô do extinto Cruzeiro" ... Correio do Estado 30/3/35

Aí estão os fatos que os jornais estamparam. Embora deficientes em detalhes, o suficiente para confirmar o título da matéria. A pesquisa foi feita na década de 1980, embora o livro fora publicado em 1996.

Bibliografia:
BORGES, Maury Dal Grande. "85 anos de Bola - a memória do futebol catarinense". IOESC, Florianópolis, 1996, p.47.
HÜBENER, Ney W. "A Grande Batalha - Uma Estratégia que Deu Certo". Editora Tribo da Ilha, Florianópolis, 2008, p.176

Um filho que só envergonha o pai! Sangue do nosso sangue? É ruim heim!

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